Por volta do ano de 2011 comecei a trabalhar no que foi meu primeiro emprego formal como programador de computadores. Era na Universidade CEUMA, uma universidade privada (á época um centro universitário) com presença no Maranhão e outros estados. Lá eu conheci o Michel Cordeiro. Ele me apresentou o NerdCast, um podcast de quando podcasts ainda não eram tão comuns como são atualmente. Eu adorei. Tinha tudo a ver comigo. Gostei tanto que fui procurar outros podcasts para ouvir. Encontrei um chamado Braincast, também muito bom. Foi no Braincast que em 7 de maio de 2020, 9 anos depois de ouvir o primeiro episódio de podcast, eu conheci The Office, uma das séries de comédia de maior sucesso da história da televisão, e minha favorita.

Estávamos no furacão da pandemia de Covid-19. Shoppings, lojas, restaurantes, parques, quando não estavam fechados, o acesso era limitado e tínhamos que usar máscaras. Embora se falasse nas pesquisas sobre vacinas, ainda era algo distante. As primeiras doses de vacina começaram a ser aplicadas abertamente na população brasileira no início de 2021 e só consegui receber minha primeira dose em junho. Foram tempos difíceis. Foi nesse cenário, no entanto, que comecei a assistir The Office quando ouvi o Braincast lá em maio de 2020.

Como usuário da internet, e dentro disso está incluso aplicativos de mensagens, instagram, YouTube etc, eu sempre via uma ou outra referência ao que hoje eu sei ser de The Office. Não tenho sequer uma lembrança de ter assistido algum trecho da série na época que eu ainda ficava zapeando pelos canais da televisão. A série estreou nos Estados Unidos em 24 de março de 2005 e teve o último episódio exibido em 16 maio de 2013. Todo esse tempo, e até eu abrir a Netflix pela primeira vez em 2020 com intenção de assistir, eu não sabia quem era Michael Scott.

“Quem é esse cara, o que ele já fez em outras séries e filmes? Ooow, ele é aquele cara do Pequena Miss Shunshine!”. Steve Carell é o ator que deu vida à Michael Scott e, sem dúvidas, ele carregava The Office.

Mas a série também sempre deixou claro que não era sobre Michael Scott. Jim, Pam e Dwight dividiam o protagonismo. O relacionamento amoroso entre Jim e Pam foi minucionsamente construído e isso tem uma impotância considerável na trama geral do seriado. Também, a relação de rivalidade e amizade entre Jim e Dwight sempre produz boas gargalhadas. Depois de Michael Scott, eu diria que Dwight vem em seguida em nível de importância, depois a dupla Jim/Pam. Os personagens desse par romântico foram feitos um para o outro, de modo que a relevância de cada um separadamente, embora importante, não se sobressae tanto quanto o linha amorosa.

Quando eu ouvi sobre The Office pela primeira vez, lá no Braincast, também fiquei sabendo sobre a saída de Steve Carell da série. Obviamente, ouvindo o podcast isso não gerou nenhum sentimento em mim. Mas depois de devorar a série episódio após episódio, lá pelos últimos captítulos da sétima temporada eu percebi que algo estava ficando estranho. Era a preparação para a saída de Michel Scott da história. Eu não queria acreditar. Só tive sensação parecida quando vi Ned Stark morrendo sem conhecer a tendência de Game of Thrones em matar seus personagens. Sem Steve Carell, minha percepção foi de que a série caiu em qualidade. Haviam episódios onde estavam aconcendo eventos em três ambientes diferentes, como o Dwight na fazenda de beterraba, Jim na Filadelfia cuidando da Athlead, além das cenas no próprio escritório; isso tudo dentro dos 20 minutos do episódio. Antes, boa parte se concentrava dentro do próprio escritório e se segurava onde Michael Scott estava presente.

Minha lista de episódio favoritos (sem ordem específica):

  • Quando o Jim pede a Pam em casamento
  • O jantar na casa do Michael Scott quando ele estava casado com Jan
  • Quando Michael Scott pede Holly Flax em casamento
  • O casamento do Pam com o Jim
  • Quando Jim beija a Pam após a noite do cassino
  • Quando Michael Scott vai na escola explicar que não tem dinheiro para pagar a faculdade dos alunos que ele havia prometido pagar
  • O episódio do bilhete dourado baseado na Fantástica Fábrica de Chocolate
  • A visita de Jim e Pam na fazendo de beterraba do Dwight
  • Quando a Dunder Mifflin compra a empresa de papel do Michael Scott
  • O último episódio da série

Última leitura de script

O vídeo abaixo é a leitura do script do último episódio da série.

Welcome to Dunder Mifflin: The Ultimate Oral History of The Office

Recentemente terminei de ler o livro “Welcome to Dunder Mifflin: The Ultimate Oral History of The Office”. Li a versão em inglês, mas ele também tem tradução para “brasileiro”. Essa leitura também me motivou a escrever esta postagem.

O livro é em formato de diálogos. O ator que faz o Kevin é uma espécie de entrevistador para a conversas. Os diálogos, na maioria das vezes, tem um tom conversa informal, o que traz uma ar muito descontraído para o livro, e deixa claro a opião dos interlocutores sem nenhum ponto de vista entre eles e nós.

As quase 450 páginas são repletas de histórias de bastidores. Contam muitos detalhes sobre a insegurança inicial antes da série se consolidar e o papel cultural que ela ganhou ao longo dos anos.

Listo algumas curisodades: o ator que faz o Mose, Mose Schrute, irmão do Dwight Schrute, se chama Michael Schur, e foi escritos de vários epsiódios, sendo nomeado algumas vezes para o Emmy por seu trabalho em The Office. Ele escreveu, por exemplo, o episódio Christmas Party, onde Jim dá o bule de chá de presente para Pam, com aquela cartinha retirada no último segundo. No entanto, Michael Schur diz que não gostava de atuar como Mose. Isso começou como uma brincadeira entre os roteiristas e cresceu para além do esperado. Ele preferia estar na sala dos roteiristas trabalhando nos scripts. Mais tarde ele deixou a série para e dedicar a um outro projeto chamado Parks e Recreation.

Outra curidade é sobre o anexo do escritório da Dunder Mifflin de Scranton. Nessa área ficavam comumente os personagens Toby Flenderson e e Kelly Kapoor, interpretados por Paul Lieberstein e Mindy Kaling, respectivamente. A existência desse espaço, ou a permanência de alguns personagens lá não era por acaso. Esses atores também trabalhavam como roteiristas. Dessa forma, ele não precisam estar presentes no espaço principal do escritório quando, por exemplo, o o Jim estivesse gravando uma cena com do Dwight e a camera ostrasse todos lá. B. J. Novak, o Ryan, também era roteirista da série e mais tarde se mudou para o anexo, depois que o personagem fez pouco caso da Dunder Mifflin naquele dia que Michael Scott visou a faculdade de adminstração.

Existiam conflitos entre as necessidades executivas da NBC e os produtores da série. A NBC era a rede de televisão sobre a série. Certa vez, alguns executivos queria introduzir participações especiais de atores famosos, o que era rejeitado pelo equipe criativa no sentido que The Office simulava um documentário em uma empresa de venda papel decadente. Ter a presença de atores famosos quebraria o ecossistema criado sobre tudo aquilo ser, de alguma forma, verdade. Uma das soluções para esses problemas foi naquele episódio onde Jim, Pam e Andy assistiam um filme pirata protagonizado por Jack Black e Cloris Leachman. Eles troxeram a participação especial de uma forma que coubesse dentro do ambiente que foi montado para a série, deixando os executivos da NBC relativamente felizes.

O livro trás muitas outras histórias e, pra mim, foi uma leitura muito prazerosa. The Office é talvez o programa de TV que eu mais assisti. Fico vendo loop. Uso a série para relaxar, rir um pouco. É engraçado como ela não perdeu relevância nesses quase 20 anos desde seu lançamento. O livro, inclusive, comenta sobre o súbito interesse da geração Z na série. Embora ela tenha muitos referências a acontecimentos e comportamentos bastante estereotipados do tempo em que foi gravada, ela é atemporal. Com sorte, esse foi uma dos motivos para eu descobrir ela em 2020 e me tornar fã. Recomendo a leitura e, mais ainda, recomendo que assista The Office.

“Foi o que ela disse”.

O livro

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Last Update: 23/06/2024