A usabilidade em software é um dos pilares da experiência do usuário (UX – user experience) e refere-se à facilidade com que um sistema pode ser utilizado por pessoas para alcançar seus objetivos de forma eficiente, eficaz e satisfatória. Um software com boa usabilidade reduz a frustração do usuário, melhora a produtividade e minimiza erros.

Essa matéria tem alguns aspectos que devem ser levados em consideração ao projetar, por exemplo, uma interface com o usuário: facilidade de aprendizado, eficiência no uso, memorabilidade, prevenção de erros, satisfação do usuário, entre outros. Para se alcançar uma boa experiência, algumas técnicas podem ser aplicadas: design centrado no usuário, testes de usabilidade, padrões de interface, feedback imediato, e acessibilidade.

Uma boa usabilidade pode aumentar a adoção do software, reduzir custos de suporte técnico e melhorar a retenção de usuários. Em contrapartida, softwares com interfaces confusas ou complicadas podem afastar usuários e prejudicar a reputação da empresa. São conceitos cuja aplicabilidade é bastante visível no que chamamos de frontend, mas também podem ser aplicados no design de APIs para rotinas essencialmente realizadas pelo backend

A motivação para escrever este pequeno texto veio de uma observação enquanto estava escolhendo pão de forma no supermercado. Já faz algum tempo que as embalagens de vários produtos apresentam as informações nutricionais em porções que são de entendimento mais fácil para o consumidor. Antigamente, essas informações vinham, por exemplo, em 100 g, ou algo do tipo. Quanto é 100 g de pão?

Pensando nessa dificuldade, a Agência Brasileira de Vigilância Sanitária – ANVISA, lançou uma normativa sobre como as informações nutricionais devem ser apresentadas. Não sei ao certo quando isso passou a ser obrigatório, e não é o objetivo deste texto. Mas as fabricantes devem apresentar as informações nutricionais em porções do alimento que sejam fáceis de entender. Em uma lata de refrigerante, a empresa deve, por exemplo, mostrar as informações para uma porção que é exatamente a quantidade da lata, e não, digamos, 100 ml. Isso evita o consumidor de ter que fazer contas desnecessárias e que podem levar à equívoco.

Faz muito sentido que a informação nutricional de um pacote de pão de forma fatiado mostre as quantidades presentes em uma fatia, e não em 100 g de pão. Eu não tenho balança de cozinha em casa, e se tivesse, possivelmente não usaria para ficar pesando coisas simples como uma fatia de pão. O ponto é que é muito fácil para a fabricante fazer os cálculos e colocar uma estimativa na embalagem que possa entregar a informação sobre uma fatia de pão.

A normativa da ANVISA também mostrar porções fracionadas. Por exemplo, a tabela pode mostrar as informações nutricionais para 100 g de uma bolacha qualquer, e complementar que 100 g equivale a duas bolachas e meia. Isso é uma informação bem mais simples.

E voltando para a usabilidade e minha experiência no supermercado, me deparei com este produto, cuja porção fracionada apresentada pela fabricante é nada mais, nada menos, que 2 unidades mais 12 por 19 avos. Fazendo alguns cálculos com ajuda de uma calculadora, cheguei à conclusão que 1 unidade tem 19 g, mas por alguma razão a fabricante imprime na embalagem as informações para 100 g, e 50 g. Em vez de 50 g, vocês já devem ter notado, poderiam colocar 19 g (1 unidade). E para o resto, fazem regra de três… Pode ser que esteja desse jeito por causa da normativa da ANVISA, mas eu acho que não!

Esse é um exemplo fora do mundo do desenvolvimento de software que demonstra o desleixo com o qual alguns produtos são construídos. Em conclusão, a usabilidade não se restringe ao desenvolvimento de software, mas permeia diversas áreas do nosso cotidiano, impactando diretamente a experiência das pessoas na interação com produtos e serviços. O que eu vivenciei ilustra como uma apresentação inadequada da informação pode gerar confusão e dificultar a vida do consumidor, da mesma forma que uma interface mal planejada pode tornar um software menos acessível e eficiente. Assim, seja no design de sistemas ou na comunicação de dados ao público, a clareza e a preocupação com a experiência do usuário devem ser sempre prioridades, garantindo soluções intuitivas e funcionais.

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Last Update: 10/02/2025

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