Recentemente terminei a leitura do livro “A Segunda Aurora”, do escritor brasileiro Juliano Riguetto. É uma ficção científica com uma história simples, mas envolvente. Muitos locais são familiares para nós brasileiros. Os personagens principais são bem desenvolvidos e trabalhados, com características distintas que nos fazem apostar qual serão suas próximas ações. Desde que retornei com a prática da leitura, este é o maior livro que já li. Ele tem mais de 600 páginas (😯), e apesar disso, a leitura não é cansativa, embora há alguns momentos quando bastante texto é gasto em descrições de ambientes, mas que acrescentam bastante à história que está sendo contada.

Você já parou para pensar o quanto a realidade é uma questão de perspectiva? Como você explicaria sua noção de mundo para alguém nascido dois mil anos atrás? Como explicar um carro, um computador, um avião, a internet? Você diria que a Terra não é o centro do universo? Que descobrimos os segredos do átomo? Que o homem já foi para a Lua? E o inverso, o que uma pessoa do ano quatro mil teria para ensinar a você? O que poderia te mostrar que seria tão fantástico e “mágico” quanto um smartphone seria para um homem das cavernas? Foi pensando nestas questões que “A Segunda Aurora” foi escrita. Deslocar pessoas como eu ou você para uma relidade extremamente diferente e ver como elas agiriam ao encontrar povos que nasceram, creceram e criram suas lendas por lá. E imaginar o quanto mudaríamos nossa própria noção de realidade se alguém nos revelasse os segredos do universo…

texto de orelha do livro

Na história, algo devastou o pleneta Terra. Uma era glacial se instalou e um grupo de pessoas vive de forma primitiva. Somos apresentados a este cenário logo nas primeiras páginas. Ao que tudo indica, essas pessoas são os únicos sobreviventes de explosões nucleares que dizimaram o planeta 1500 anos antes dos eventos narrados. E eles vivem de maneira absolutamente primitiva.

Os eventos que destruíram a terra aconteceram por volta do ano 2134, uma época que a tecnologia era muito avançada, a computação quântica reinava até mesmo dentro da cabeça das pessoas, com computadores super avançados capazes de projetar imaginas direto na retina, além de longas viagens espaciais tripuladas com manipulação de átomos e entrelaçamento entre partículas. Mas quais processos permitiram que aquelas pessoas voltassem a acreditar em diversas divindades, rezassem para pontos luminosos no céu (antigos satélites), e não pudessem transmitir praticamente nenhum conhecimento sobre o mundo antigo e moderno, sobre ciência, matemática, física, ferramentas metálicas rudimentares?

Considero que logo depois da Terra ser devastada, a sobrevivência era o principal objetivo, mas 1500 anos me parece suficiente para uma retomada de civilização pararecida com o que conhecemos dos livros de história. Acho que sair do absoluto zero, como os “homens das cavernas” de milhares de anos atrás e chegar na civilização que temos hoje foi um conteto bastante diferente de percorrer outros 1500 depois de explosões nucleares. O próprio conhecimento seria usado e repassado por esses sobreviventes para que as chances de perpetuidade aumentassem.

Qualquer que tenha sido o exerício mental do autor para chegar nessas concluões e escrever que aquele povo seria daquele jeito, eu lembro que vivemos em um mundo onde existem pessoas que acreditam que o homem não à Lua, pessoas que defederam que a Terra é plana, pessoas que deliberadamente não vacinam seus filhos contra doenças mortais, que o aquecimento global é um mito e o 5G dos telefones causa câncer… Enxergar a própria realidade parece ser muito mais absurdo!

O livro também constrói personagens e as relações entre eles de maneira muito, muito boa. A gente se apega a uns, ou a gente tem ranço de outros, isso tudo muito bem manipulado pelo autor. Quando determinadas coisas acontecem, a gente fica triste. Existe um cuidado em explicar os ambientes e imagino que isso se deva ao desejo de fazer com que a gente conheça aquele mundo e seus desafios, que não são familiares para nós. Não à toa, como citei, o livro tem mais de 600 páginas, mas elas são justificadas. E com todo esse volume, o autor tomou o cuidado de introduzir novos elementos e desafios de maneira bastante ritmada e que provocavam algum nível de aflição sobre o destino daqueles personagens. A história fica melhor na segunda metade, e frenética nas partes finais, com uma “cena pós créditos” que deixa muita vontade de ler uma continuação.


Certa vez, o YouTube me recomendou um vídeo. Era sobre astronomia ou física, não me lembro, do canal mantido por Juliano, o somos míopes porque somos breves. Assisti e gostei. De lá pra cá, acho que já assisti todos os vídeos já postados e os publicados depois. Foi em um dos vídeos que fiquei sabendo do livro. É realmente um canal muito bom sobre a vida, o universo e tudo mais. Juliano traz tópicos de astronomia, física, dentre outros assuntos relacionados ao universo da maneira mais simples possível. Com certeza a experiencia do autor, que já escreveu roteiros para as novelas “A Lei do Amor” e “Sangue Bom”, dentre outros trabalhos, tem forte influência na maneira como a informação é passada. Mas ele também possui conhecimento técnico sobre o assunto, do ponto de vista físico, matemático e astronômico.

Esses assuntos me fascinam e eu já escrevi alguns textos aqui no blog. Inclusive, comecei a comentar os livros que leio com “Respostas de um Astrofísico”, e “Astrofísica para Apressados”, ambos do autor estadunidense Neil deGrasse Tyson. Imaginar que existe um modelo cosmológico chamado Teoria do Big Bang que é predominantemente aceito na comunidade científica para explicar a origem e evolução do universo, mas que, no entanto, permite que pessoas leigas como eu questionem sobre o que existia antes da grande explosão, sendo essa pergunta, dentro do contexto do modelo, não parece fazer sentido, pra mim, é um contra senso. Felizmente, essas ferramentas científicas que me causam confusão de pensamentos, são as mesmas que podem dar luz às perguntas mais fundamentais sobre o universo onde vivemos.


Com tudo isso, recomendo a leitura de A Segunda Aurora. É publicado pela Chiado Books e foi lançado em 2019. Além disso, se você se interessa por assuntos relacionados com física, astronomia e curiosidades, o canal do Juliano é uma ótima opção. Em algum video de lá ele comenta que se você comprar pelo Mercado Livre, no link fixado na bio do YouTube, o exemplar chega para você com dedicatória! O meu tem uma =)

Link obtido o canal do Juliano: https://www.mercadolivre.com.br/a-segunda-aurora-de-righetto-juliano-editora-chiado-books-capa-mole-em-portugus-2019/p/MLB19371747

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Last Update: 07/04/2025

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